sábado, 29 de janeiro de 2011

A História, o caminho-de-ferro e o TGV

A questão dos investimentos públicos sempre foi alvo de debate em Portugal. Fontes Pereira de Melo, que foi Ministro das Obras Publicas no Sec XIX e, o responsável pela construção do caminho-de-ferro foi altamente criticado por essa decisão. Como a historia é nossa conselheira. Aqui deixo algumas frases de tempos diferentes, retiradas de um trabalho académico.
                                                                                   
 “O augmento e facilidade das vias públicas, e dos meios de communicação,
é o que mais reclama as nossas attenções e cuidados. – Com
especialidade vos será apresentada uma Proposta de Lei para authorisar
o Governo a emprehender um caminho de ferro que nos ligue
com o resto da Europa, aviventando o tráfico interior do Paiz, e restituindo
a Lisboa o empório central dos dois mundos, entre os quaes
está situada”1
– D. Maria II (Rainha de Portugal), 1851
Diario da Camara dos Deputados, 15 de Dezembro de 1851, Acta n.º 1, p. 4.

“Os paizes pequenos não podem prosperar senão pelo desenvolvimento
do seu commercio, da sua agricultura e da sua industria, e este
não se adquire senão pelo melhoramento das suas vias de communicação,
porque só ellas é que podem trazer a prosperidade publica”

Discurso do Barão de Almeirim. Diário da Câmara dos Deputados, 21 de Fevereiro de 1854, Acta n.º 42, p. 139.

“Quando estiver aberta à circulação a via férrea que, passando por
Madrid, nos há-de ligar a toda a Europa, o que se realizará ainda
este ano; quando a nossa linha do Sul e sueste, que não tarda a chegar
às margens do Guadiana, se estender até Sevilha, unindo-nos
depois com todas as cidades de Espanha, da França e da Itália,
banhadas pelo Mediterrâneo, acontecimento que não se há-de fazer
esperar por muitos anos; quando, finalmente, este porto [Lisboa] for
dotado com boas docas, guarnecidas de armazéns vastos e cómodos,
com todas as mais condições necessárias à pronta e fácil descarga e
carregação dos navios, o grande depósito das docas de Londres há-de
repartir com as de Lisboa uma parte das suas riquezas. (…) Quando
raiar esse dia, então se avaliará ao justo a situação, tão feliz, tão
vantajosa para este reino e para a companhia, da estação principal
do caminho de ferro de Norte e leste [Santa Apolónia]. Assim ficarão
completos e em acção todos os elementos que devem dar ao Tejo a
importância que lhe é devida, fazendo dele um dos primeiros portos
comerciais do globo e dando a Lisboa as honras, as riquezas e
esplendor inerentes aos grandes empórios do comércio”

 Vilhena Barbosa – Arquivo Pitoresco. Apud. Cem anos de caminho de ferro na literatura portuguesa. Compilação de
Frederico de Quadros Abragão, pp. 87-88.

“o nobre deputado entende, que, porque ha deficit, não se deve fazer o caminho
de ferro; eu entendo, que, porque ha deficit, é que se deve fazer”

Resposta de Fontes Pereira de Melo a um deputado que se opunha à construção do caminho-de-ferro.

“Portugal não pode ficar por mais tempo fora das redes europeias de
alta velocidade. Isso acentuaria a nossa condição de País periférico,
afectaria a competitividade da nossa economia e poria em causa a
plena utilização dos fundos comunitários de que Portugal pode dispor
para a realização deste projecto”2
– José Sócrates (Primeiro-ministro de Portugal), 2005
 Diário da Assembleia da República, 8 de Julho de 2005, Acta n.º 39, p. 1689.

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